Transcribe your podcast
[00:00:00]

O cabalzinho, cara, cinco tiros.

[00:00:01]

Cinco tiros, é que era seis menos dois. Nem podía nem colocar seis.

[00:00:05]

Nem poderia nem por seis. Então, está certo, é isso aí mesmo. E você teve alguma ocorrência que te marcou muito na sua carreira, cara? Geralmente quando a gente tem esse tipo de ocorrência, envolve criança, envolve idoso? Você teve alguma que marcou, que você fala: Porra, mano...

[00:00:21]

? Cara, eu posso falar para você assim, não, de verdade. Uma coisa que marcou Opa, a Fabiana está aqui, é foda, cara.

[00:00:38]

Quando a gente fala marcou, a gente já vê que a pessoa se emociona, porque eu tenho ocurrências que... Calma, respira.

[00:00:49]

Cara, a pior notícia da minha vida, cara. Por exemplo, minha mãe já não está mais nesse plano com a gente. Mas ela, doente... Não é que você aceita, cara, você... Ninguém aceita. Não aceita, a ferida está ali. Eu saí de trampo 6 horas da manhã, trabalhava 8:40.

[00:01:25]

Desculpa, cara. Não, irmão, fica em paz, cara. Se você não quiser O cara também fica a seu critério, cara.

[00:01:32]

Ele merece. Aí fui embora, cara, não tinha a época do celular ainda. Aí quando conseguir fazer contato comigo, já era tipo umas 11 horas da manhã, a gente saiu 6 horas da manhã, cara. Dias antes, o Marcelo, o cara, ele fazia uma escolta da... Pega papel para mim no banheiro, por favor, B. Ele Ele fazia a escolta do Extra e na Ibebo Ibiri- Pode vir, pode vir. Tinha uma subida, uma subida e o trânsito deu uma paradinha. Ele contou a história para mim, cara. Tinha caminhão... O caminhão de bebida, acho que da Coca-Cola, eu não lembro o que ele me falou. O Mala na moto, o Garupa foi e catou fardo de Coca, para você ver como que a gente vale tão pouco. Catou fardo de Coca, colocou entre os dois. Aí ele, do caminhãozinho da entrega do extra, que eles faziam entrega do extra do Guarapiranga, ele fez o cara devolver. Enquadrou o Malu sem descer.

[00:02:42]

O devolve lá.

[00:02:43]

Fez o cara devolver. O Malu falou para ele assim: A gente vai te pegar. Ameaçou ele. Ameaçou. Aí, passado uns dias, E algumas vezes eu fui com ele nesse bravo. Só que a gente ia com o carrinho dele, ele tinha escorte, na época, gol bolinha branca, eu não lembro. A gente ia com ele, o cara era meu irmão, cara. Foi uma perda de família. E eu ia com ele na escola. Às vezes, o irmão dele também, que é falecido hoje por acidente de caminhão. No segundo dia que eu parei de ir com ele, os malafões fizeram ele. Porra, mano.

[00:03:29]

Zeraram ele?

[00:03:30]

Lá no Jardim Anja.

[00:03:32]

E era seu parceirão?

[00:03:34]

Parceiro, irmão, cara. Se a mãe dele estiver assistindo, ela fala que ela é minha mãe branca. A minha esposa aqui do lado, ela confirma isso. Vocês me desculpa, O cara é de verdade.

[00:03:45]

Não, irmão, fique em paz, meu irmão. Fiquem em paz.

[00:03:48]

Não estou fazendo cena, não, cara. É porque...

[00:03:51]

Não, quando...

[00:03:52]

Foi dia 28 de dezembro de 1999, cara, esse ocorrido com ele aí.

[00:03:58]

Foi Quando a gente cria na viatura, quando a gente trabalha muito tempo com o cara, a gente cria laço de amizade que é uma imandade, é uma Irmandade muito grande.

[00:04:06]

Não, ele era de frequentar minha casa, eu frequentar a casa dele, tratar bem minha mãe. A mãe dele, ela viu eu falando com ele, vindo para cá, do Narlete. Ela: Ah, estou com uma saudade de você, meu filho, não sei o quê, papá, você sumiu. Era na correria, cara. Essa foi...

[00:04:25]

E mataram ele na covardia.

[00:04:26]

Na covardia, cara. E detalhe, cara, eu não tenho por que também mentir. Ele estava, numa época dessa, ele estava numa situação que ele estava precisando de uma grana e ele tinha budoguinho, acho que era três ou dois os pequenininho, sabe?

[00:04:42]

2 polegadas, é?

[00:04:42]

Ele pegou, vendeu para gerente que eu tive uma loja do Extra. E eu tenho 4 polegada, bonitão, minha arma é bonita, é 9,38. Não, é S,4, não lembro. 9,38 é pistola. E E ele estava sem arma e ele estava sem carga na meganha, aí eu peguei e dei o meu 4 polegadas para ele. Falei: Você não vai ficar desarmado, não. Dei minha arma para ele. Irregular, cara.

[00:05:10]

Eu já fiz isso muitas vezes, irmão.

[00:05:12]

Dei a minha arma para ele. Meu, o negócio era para acontecer de reto tão certo que ele tinha feito negócio para vender arma para cara, a arma tudo regularizadinha. Ele disse, nesse inteirinho, nessa semana, tipo, o bagulho de uma semana, ele foi e desfez o negócio. Ele falou assim: Vamos comigo no extra da Guarapiranga do Shop Fiesta, lá na zona Sul, pega meu carro, você vai lá em Cotia buscar essa arma minha que eu vou desfazer o negócio com o cara. Ele desfez, eu levei a arma para ele, entreguei o budoguinho dele, aí peguei meu oitão com ele. Imagina se ele morresse com meu oitão.

[00:05:48]

Daí ia complicar para você.

[00:05:49]

Você entendeu? Deu tudo certo nesse sentido. Mas falar para você, cara, na PM eu diria que foi dos melhores momentos que eu passei, mas tem também que é difícil. É difícil, tem uma outra situação. Vocês me permitem que eu conto e eu falo também.

[00:06:02]

Não, irmão, fica à vontade aí.

[00:06:08]

João, se você estiver vendo aí, cara, tu na Arlet, cara, vocês são muito importante O que é isso para mim, cara? Eu amei, amei não, amo o pai de vocês, cara. A gente era mano, irmão, pau para toda obra. Situação foda, cara. Se você já deve ter passado por algumas, É você avisar para familiar de policial que ele faleceu. No caso, aí já mudou, não é do Marcelo, não. Pelotão de Força Tática, na madrugada, no Capão Redondo, o pessoal sempre ia no posto de gasolina, aquele esquema lá que você comentando ali. E... Eu não vou falar o nome do mais. Ele ia embora na Irton Senna com a motinha 125. Eu contei essa história vindo para cá, para a Fabiana. Ele O Ayrton Senna... O que o Câmera constatou lá? Uma carreta deu uma desequilibrada nele, aí passou por cima dele, aí veio outras carreta passando por cima e Ayrton Senna era a 110, 120. As carreta, aqueles caminhões homens daquele jeito. Resumindo, o que sobrou dele inteiro foi o pé. Nossa. Foi o pé. O Mike da rodoviária falava que era como se tivesse tirado com... Uma espátula. Com a barrendo e colocando. Aí, o capitão Rogério, a gente foi lá dar a notícia para a mãe.

[00:07:39]

E o que é mais foda, não é nem você dar a notícia, Castro. É a mãe falar que quer ver o corpo da minha.

[00:07:44]

Pelo amor de Deus, nossa senhora.

[00:07:47]

Então, eu falei para ela que ela nem sabia dessa história aqui. É a mãe querendo ver o corpo, cara. E a única coisa que ficou inteiro dele, algum membro, foi só pé. O resto ficou tudo esmagado. Não, tudo esmagado, cara. E foda. A gente foi lá, participamos de tudo que tinha que participar, do velório, mas falar para você, duas situações, jegue. Jegue que eu passei, e essa situação do Marcelo que eu não absorvi até hoje. Às vezes o pessoal fala: Você tem trauma, que não sei o quê, papapá. Cara, a gente é cheio de feridas, cara.

[00:08:15]

Não é, pô.

[00:08:17]

A gente tem várias vidas.

[00:08:18]

E quando a gente perde irmão assim, porque a gente tem como irmão, não é? Pede irmão, pede parceiro, a gente fica... Até hoje, eu sinto a foto, eu tive amigo meu precioso, olha o nome dele, Edson Perpétuo Precioso, nunca esqueço. 87 milhão fez escola de soldado comigo e vagabundo do outro polícia matou ele. O outro polícia matou ele. Vagabundo. Vagabundo, por causa de treta de dinheiro, cara. Fui lá e matou ele no Bico, entendeu? Bico não, o police estava no Bico e matou ele de serviço, cara.Castro.

[00:08:51]

Hoje, muito menos, cara. Mas tinha uma época, tinha muito papamala também, cara.

[00:08:57]

Tinha, muito.